O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apelou, este sábado, à criação de um exército europeu, defendendo que a Ucrânia e os seus aliados no continente devem ser devidamente ouvidos nas conversações de paz com a Rússia.
A declaração foi feita durante uma reunião de decisores políticos de topo em Munique.
Zelensky afirmou que, com a possível eleição de Donald Trump para a Casa Branca, a Europa já não pode contar com os Estados Unidos para o seu apoio incondicional.
“Sejamos honestos – agora não podemos excluir a possibilidade de os Estados Unidos dizerem não à Europa em questões que a ameaçam”, disse o líder ucraniano.
O presidente ucraniano sublinhou que chegou o momento de a Europa criar as suas próprias Forças Armadas. Contudo, a ideia de uma força militar continental conjunta tem sido discutida há anos, mas sem avanços significativos, o que torna improvável que a intervenção de Zelensky altere o equilíbrio de forças no curto prazo.
A prioridade imediata da Ucrânia continua a ser garantir que o país tenha voz ativa nas conversações de paz com a Rússia, alertando que não aceitará acordos que sejam feitos sem o seu envolvimento.
“A Ucrânia nunca aceitará acordos feitos às nossas costas. Não há decisões sobre a Ucrânia sem a Ucrânia. Não há decisões sobre a Europa sem a Europa”, afirmou Zelensky.
O líder ucraniano também alertou para a possibilidade de o Presidente russo, Vladimir Putin, tentar explorar o regresso de Trump à presidência dos Estados Unidos, utilizando-o como um “adereço da sua própria atuação”.
Zelensky sugeriu que Putin possa tentar atrair o ex-presidente americano para Moscovo, em maio, durante o desfile da vitória russa na Segunda Guerra Mundial.
Zelensky reiterou a necessidade de “garantias de segurança” por parte dos Estados Unidos e da Europa para evitar que, em caso de um futuro acordo de paz, a Rússia possa retomar a guerra.
“Putin não pode oferecer garantias de segurança reais, não só porque é um mentiroso, mas porque a Rússia, no seu estado atual, precisa da guerra para manter o poder”, afirmou.
O Presidente ucraniano frisou ainda que a imposição de sanções à Rússia e o reforço das Forças Armadas da Ucrânia são essenciais para garantir a paz.
Zelensky afirmou estar “aberto” à possibilidade da presença de forças de manutenção da paz europeias, caso isso seja necessário para garantir a estabilidade e a segurança da região.