Um jovem trabalhador angolano, natural de Cabinda, identificado por Samuel Matoco, encontra-se desaparecido desde a explosão ocorrida recentemente na plataforma petrolífera BBLT, operada pela Chevron, ao largo da costa de Cabinda. O incidente reacendeu denúncias sobre as precárias condições de trabalho enfrentadas pelos trabalhadores nacionais no setor petrolífero offshore.
De acordo com colegas, o trabalhador desaparecido recebia um salário base de apenas 285 mil kwanzas por mês, apesar de atuar em condições de elevado risco no meio do mar. “Estamos expostos ao perigo todos os dias e recebemos uma miséria. A vida dos trabalhadores angolanos parece não ter valor aqui”, declarou um funcionário, sob condição de anonimato.
A família do desaparecido, em estado de desespero, acusa a empresa de negligência nas buscas. Relatos apontam que os esforços para localizar o corpo têm sido mínimos. “Se fosse um trabalhador estrangeiro, especialmente branco, haveria uma operação contínua no mar. Como é um jovem negro de Cabinda, fazem algumas rondas e param”, denunciou um colega de trabalho.
Além da baixa remuneração, há denúncias de práticas abusivas por parte da empresa subcontratada Lassarat, responsável por serviços de manutenção. Os trabalhadores afirmam ser obrigados a fazer horas extras mal remuneradas e a enfrentar ameaças caso tentem reivindicar melhores condições.
“Estamos 28 dias no mar, longe das nossas famílias, a montar andaimes em plataformas perigosas. Enquanto isso, técnicos estrangeiros recebem salários de 15 a 20 mil dólares pelo mesmo serviço”, relatou outro trabalhador.
A revolta é crescente entre os funcionários, que se dizem desmoralizados e abandonados pelas autoridades. Os trabalhadores pedem a intervenção urgente do governo e de representantes parlamentares para que o caso seja investigado e para que os funcionários angolanos deixem de ser tratados como cidadãos de segunda classe no seu próprio país.