Milhares de pessoas reuniram-se este sábado em Luanda para uma marcha contra a fome e a pobreza, convocada pela Frente Patriótica Unida (FPU) e apoiada por outros partidos da oposição, ativistas e representantes da sociedade civil.
O protesto teve início no cemitério de Santa Ana, pelas 13:00, seguindo em direção ao Largo das Escolas, onde terminou sem registo de incidentes.
Com palavras de ordem, cartazes improvisados e camisolas que denunciavam a precariedade vivida no país, os manifestantes exigiram melhores condições de vida e uma governação mais responsável. Entre os slogans destacados lia-se “A fome em Angola é real”, acompanhados por apelos à realização de eleições autárquicas.
Apesar do calor intenso, o ambiente foi marcado por cânticos e música kuduro, que animaram a multidão. Bandeiras de diversas formações políticas, especialmente da UNITA, liderada por Adalberto Costa Júnior, conferiram um caráter simbólico ao evento. Alguns participantes também fizeram referência à crise política em Moçambique, alertando para as semelhanças com a realidade angolana.
Elda Eduardo dos Santos, dirigente da UNITA, criticou duramente a gestão do governo, afirmando que a fome e a miséria extrema persistem num país rico em recursos naturais. “Estamos aqui para dizer basta. O povo angolano não pode continuar a sofrer quando há tantos exemplos de mudança em outros lugares”, declarou.
O professor Carlos Domingos reconheceu avanços do executivo, mas reforçou que a fome continua a ser um problema grave. “É preciso melhorar a cesta básica e criar medidas de apoio direto aos mais pobres.
O governo está mais preocupado com a sua imagem internacional do que com o bem-estar do povo”, lamentou.
Outro ponto de contestação foi o custo de iniciativas como o jogo amigável da seleção de futebol da Argentina com Angola. “Gastam milhões para um evento de poucas horas, enquanto o povo passa fome”, criticou Domingos.
A zungueira Rosa Faustino juntou-se à marcha para expressar a dificuldade de sustentar a família com a subida dos preços dos alimentos e a falta de medicamentos nos hospitais. “As panelas estão vazias. Não há comida, não há como fazer negócio. A vida está muito difícil”, desabafou.
O protesto, que decorreu de forma pacífica até ao Largo das Escolas, reflete o crescente descontentamento social em Angola e o apelo por mudanças urgentes na governação para combater a pobreza e melhorar as condições de vida da população.
Lusa