A construção do campus universitário de Cabinda, localizado na aldeia de Caio Litoral, teve início em 2008, com previsão de conclusão para agosto de 2011.
No entanto, as obras foram interrompidas em 2015 e, desde então, o projeto tem sido utilizado como tema de propaganda pelo MPLA em Cabinda, sendo mencionado anualmente nos discursos sobre o Estado da Nação pelo Presidente João Lourenço. |
Em 2022, o Chefe de Estado ordenou a retoma das obras através de um despacho presidencial, no qual autorizou a celebração de contratos para os acabamentos e apetrechamento da primeira fase da construção da reitoria e dos serviços sociais, num valor de 15,4 milhões de dólares.
O documento mencionava que, após a paralisação do projeto em 2015, o material instalado se tinha degradado, tornando-se urgente a sua substituição. No entanto, desde o despacho presidencial, não houve qualquer progresso nas obras.
Preocupada com a situação, a governadora de Cabinda, Suzana Abreu, aproveitou a visita da Ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, Paula de Oliveira, à província, para questionar sobre a conclusão do projeto.
A Ministra garantiu que iria trabalhar para encontrar financiamento com vista à conclusão das obras do campus universitário de Caio.
A promessa da Ministra gerou inúmeros comentários nas redes sociais em Cabinda, transformando-se num meme, uma vez que não é a primeira vez que o Governo angolano promete concluir as obras do campus. Para muitos cabindenses, o problema não está na falta de financiamento, mas sim na ausência de vontade política por parte das autoridades angolanas.
“Como é possível que uma obra iniciada há mais de 15 anos ainda não esteja concluída? Que falta de financiamento é esta? O nosso governo já demonstrou que não tem vontade de concluir esta obra e tantas outras que existem na província. Praticamente, Cabinda transformou-se num verdadeiro cemitério de obras inacabadas”, lamentou um estudante.
De recordar que a primeira pedra de construção do campus universitário de Caio foi lançada em 2008, durante o mandato do então Presidente José Eduardo dos Santos.
Na altura, o governo prometeu que o projeto teria dez faculdades, que albergariam diversos cursos, com destaque para cursos técnicos, que fazem muita falta na província.
O campus incluiria ainda zonas de lazer, residenciais, desportivas e um santuário para espécies marítimas.
O edifício central do campus universitário abrigaria os serviços da reitoria, expediente geral, tesouraria, administração, biblioteca central e uma sala magna com um auditório para 1.200 pessoas.
Os refeitórios, bares e um parque de estacionamento para 255 viaturas fariam igualmente parte deste campus universitário.