O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, defendeu este domingo, durante a 17.ª Cimeira do BRICS, a criação de um sistema independente de pagamentos e o uso reforçado de moedas nacionais nas transacções comerciais entre os países do bloco.
Intervindo por videoconferência, Putin argumentou que a ordem económica mundial está em profunda transformação e que o modelo liberal de globalização, que favoreceu durante anos as potências ocidentais, encontra-se ultrapassado.
“Estamos a assistir ao declínio do sistema unipolar, que durante décadas beneficiou os interesses da chamada ‘bilhão dourado’. Precisamos de uma nova arquitectura económica e financeira que reflita os interesses e a soberania dos nossos países”, afirmou o líder russo.
Putin apelou ao fortalecimento do BRICS como alternativa económica e diplomática, defendendo a criação de mecanismos próprios de compensação bancária, fora da dependência das estruturas ocidentais, como o SWIFT.
O estadista russo destacou ainda a importância de aprofundar a cooperação entre os países do grupo nas áreas de comércio, energia, finanças, logística e recursos naturais, classificadas como sectores-chave para o crescimento sustentável.
A cimeira, realizada no Rio de Janeiro sob o lema “Por um BRICS mais forte, justo e inclusivo”, reúne líderes e representantes de países-membros — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — além de delegações convidadas de África, Ásia e América Latina.
O Presidente de Angola, João Lourenço, participa como convidado especial na qualidade de líder da União Africana, reforçando o papel de África nas novas dinâmicas da governação económica global.
Segundo o FMI, o BRICS representa actualmente cerca de 28 biliões de dólares em PIB nominal, com crescente influência no cenário internacional, embora ainda abaixo dos 51 biliões do G7. A expansão do bloco, com a possível entrada de novos membros, está igualmente em discussão.