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    Presidente João Lourenço “manda passear” os cabindenses!

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    Aquando da sua campanha eleitoral em 2017, o cabeça de lista do MPLA, na pessoa do senhor João Lourenço, prometeu resolver o problema da descontinuidade territorial, a maldição que persegue os cabindas sem culpa alguma, através de uma subvenção das tarifas aéreas. Tão logo assumiu a função de Titular do Poder Executivo e Presidente da República, fez publicar o decreto que aliviou as tarifas aéreas da rota de Cabinda na companhia TAAG.

    Cumpriu com a palavra dada. Hoje, passados oito anos, decidiu recuar, desfazendo-se desse compromisso com os cabindas: as tarifas aéreas passam gradualmente a ser incrementadas com um aumento significativo dos custos (provavelmente 85 mil kwanzas por viagem para começar) até à eliminação total da subvenção. O nosso iluminado lá do MINTRANS entendeu que se deve aplicar essa subvenção aos catamarãs onde teria maior serventia. Noutros termos: a passagem aérea deixa de estar ao nível de todos os bolsos. Daqui em diante o avião passa a ser um luxo só para quem pode. Acabou a banga do avião! Uma maneira subtil de empurrar os pobres aos catamarãs. C’os diabos!

    1. A decisão é benéfica para os cabindenses?
    Negativo. Tudo menos isso. Em primeiro lugar, todo o aumento de preços nesta altura de asfixia financeira para as famílias só pode ser uma MALDADE! Em segundo lugar, peca por ser uma medida que vai penalizar os cabindenses. Se a decisão inicial era para aliviar o sofrimento das gentes da Fiotelândia, como se pode agora aceitar esta reviravolta? Simplesmente inaceitável!

    2. É preciso deslocar os subsídios das passagens aéreas para aliviar as passagens marítimas?
    Negativo. Na lógica do tal problema da descontinuidade territorial, quer a via aérea, quer a via marítima carecem de medidas políticas com o intuito de facilitar a mobilidade entre a PROVINCIA UTRAMARINA DE CABINDA e a sua METRÓPOLE. Por conseguinte, é preciso manter a subvenção das tarifas aéreas e providenciar uma outra subvenção para as passagens marítimas.

    Para resolver um dos problemas não é necessário prejudicar onde já estava resolvido. Foram buscar comparações das tarifas aéreas praticadas na nossa região, tirando dali a conclusão de que nós estaríamos a praticar as tarifas mais baixas da região. Ó shô ministro, então, lá onde foram fazer o estudo tem a mesma situação de descontinuidade territorial? Encontraram lá também dificuldades de mobilidade como nós aqui? Essa justificação não passa de um “conto de vigário”!

    3. Implicações políticas da decisão.
    O Presidente João Lourenço deve andar muito desiludido com os cabindenses tendo em conta o seu último desastre eleitoral em Cabinda. Essa decisão sabe à “vingança”.

    Depois de ter assumido, na sua primeira reunião do conselho económico realizada na Fiotelândia, em Novembro de 2017, que prestaria uma atenção especial a Cabinda por ser um caso particular, hoje o JLo “manda passear” os cabindenses. Essa decisão junta-se ao agravamento geral das condições socioeconómicas das populações e do vergonhoso estado de subdesenvolvimento que se instalou nesta terra potencialmente rica em recursos naturais.

    4. O mito da descontinuidade territorial.
    Quem criou essa descontinuidade é o regime do MPLA, não apenas com a anexação militar, em 1975, e com a sua doutrina de estado uno e indivisível que expurga outros modelos político administrativos viáveis, mas também com a pressão centrípeta que a METROPOLE exerce sobre a PROVÍNCIA ULTRAMARINA. Dependemos de Luanda para quase tudo.

    Excessivamente! Se grande parte das coisas que temos de ir resolver em Luanda pudéssemos fazê-lo em Cabinda, creio que muita boa gente não abalaria para Luanda com a frequência habitual. Estamos submetidos a uma condição de dependência politicamente bem calculada para não deixar escapar o pássaro às mãos. É a estratégia da angolanização em marcha há cinco décadas. Portugal tem regiões insulares (Madeira e Açores), bem longe do continente, mas nunca ouvi falar de descontinuidade territorial. Aquelas regiões andam bem servidas em termos de desenvolvimento.

    O regime do MPLA nunca vai proporcionar à sua colónia de Cabinda condições para uma autossuficiência socioeconómica. Esta serve apenas para as suas políticas extrativas e de dominação. Temos de ganhar, pois, consciência de que com o MPLA não podemos alimentar ilusões. Daqui o meu repto: ou nos unimos para derrubar o MPLA ou vamos continuar nesta escravidão por tempo indeterminado. Temos de ser nós a mandar passear o MPLA!
    When injustice becomes low, resistence becomes duty (quando a injustiça se torna lei, a resistência torna-se um DEVER).

    Raul Tati
    Fiotelândia, 17/06/025

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