A Aliança Fleuve Congo (AFC/M23) anunciou hoje a sua recusa em aceitar a proposta de negociações mediadas por Angola e apresentou uma série de contra-propostas sobre a situação política na República Democrática do Congo (RDC).
O movimento rebelde, que controla partes da região leste do país, criticou o governo de Félix Tshisekedi pela falta de comprometimento com o diálogo, alegando que as tentativas de negociação falharam devido à recusa do regime de Kinshasa em negociar diretamente com o M23, conforme declarado recentemente pelo porta-voz do governo.
Em comunicado oficial divulgado esta quinta-feira, o M23 afirmou que a única forma de alcançar uma paz duradoura seria através de negociações diretas e incondicionais com a sua organização.
O movimento rebelde exigiu compromissos claros do presidente Tshisekedi, incluindo uma declaração pública e inequívoca de que o governo está pronto para dialogar diretamente com o M23.
O movimento também manifestou desconfiança em relação à mediação angolana, já que, segundo o M23, não recebeu notificações formais sobre os termos da proposta de diálogo, limitando-se a uma declaração publicada na página oficial da Presidência Angolana.
Além disso, o M23 cobrou o cumprimento das resoluções da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral) e da EAC (Comunidade da África Oriental), que, segundo o movimento, ainda não foram implementadas, agravando a crise e tornando mais difíceis os esforços de paz.
Apesar das tensões, o M23 reafirmou o seu compromisso com uma solução pacífica para a crise, desde que as negociações sejam diretas, claras e sem imposições externas.
O movimento apelou também para que a equipa de mediação angolana forneça respostas claras e transparentes em relação às propostas de paz.
Este impasse coloca Angola numa posição delicada enquanto mediadora, uma vez que as possibilidades de diálogo entre o governo congolês e o M23 parecem cada vez mais distantes, em virtude da desconfiança mútua.
A comunidade internacional observa com atenção a situação, temendo que a falta de consenso leve à intensificação da violência na região, que já enfrenta uma grave crise humanitária.
O futuro das negociações de paz no Congo agora depende de uma resposta firme e decisiva de todas as partes envolvidas, especialmente do governo de Kinshasa, que enfrenta pressões internas e externas para resolver a crise no leste do país.