O Presidente angolano, João Lourenço, afirmou em Washington que a instabilidade prolongada no Leste da República Democrática do Congo tem sido um dos maiores entraves ao desenvolvimento do continente africano. A declaração foi feita durante a cerimónia de assinatura do Acordo de Paz entre a RDC e o Rwanda, um processo iniciado em 2022, em Luanda.
Segundo João Lourenço, a Região dos Grandes Lagos possui algumas das maiores riquezas naturais do mundo — desde recursos hídricos e terras férteis até minerais estratégicos — além de um grande potencial humano capaz de impulsionar o progresso de toda a África. No entanto, o conflito que já dura mais de três décadas tem impedido sectores essenciais como a agricultura e a electrificação de avançarem.
O encontro, realizado nesta quinta-feira, 04, juntou os presidentes de Angola, Burundi, Quénia, Togo, Qatar, juntamente com Donald Trump (EUA), Félix Tshisekedi (RDC) e Paul Kagame (Rwanda). Para Lourenço, este acordo representa a possibilidade real de pôr fim a uma disputa entre “países irmãos” que tem custado vidas e travado oportunidades.
Paul Kagame reconheceu que o caminho ainda terá desafios, mas assegurou que o Ruanda cumprirá os compromissos assumidos. Acrescentou ainda que a mediação de Donald Trump criou uma “dinâmica nova” que permitiu avanços entre as partes.
Tshisekedi classificou o entendimento como um “marco decisivo” para a região, sublinhando que os acordos oferecem uma visão de integração económica e cooperação que pode inaugurar uma nova fase de estabilidade e prosperidade.
Donald Trump, anfitrião da cerimónia, disse que a paz na região abre portas para futuros acordos bilaterais com ambos os países, sobretudo na área dos recursos naturais, destacando o interesse norte-americano em minerais estratégicos.
A violência no Leste da RDC tem raízes no pós-genocídio do Rwanda, em 1994, e na disputa pelo controlo de vastas reservas minerais. Grupos armados como o M23 continuam activos, provocando instabilidade, mortes e deslocamentos em massa. Estimativas das Nações Unidas apontam para milhões de vítimas ao longo das últimas décadas, 6,9 milhões de deslocados internos e perto de um milhão de refugiados.

