More
    InícioMundoGoverno de Kinshasa e M23 iniciam negociações em Doha

    Governo de Kinshasa e M23 iniciam negociações em Doha

    Em

    O governo da República Democrática do Congo (RDC) e os rebeldes do M23 deram início a um novo ciclo de negociações no Catar, buscando uma solução para a persistente instabilidade no leste do país. Este novo cenário, que marca a mudança da plataforma de mediação de Luanda para Doha, surge após um surpreendente movimento de abandono do Presidente angolano João Lourenço, que até então liderava os esforços diplomáticos.

    O novo mediador é o Sheik al-Tani, um influente diplomata da paz conhecido por suas iniciativas em várias regiões, incluindo o Afeganistão.

    A mudança de local para Doha, no entanto, não está diretamente relacionada à dinâmica de instabilidade militar no terreno, onde os rebeldes do M23, com apoio das forças armadas ruandesas, continuam a derrotar as forças congolesas (FARDC), controlando importantes cidades no Kivu Norte (Goma) e no Kivu Sul (Bukavu).

    Além das capitais, o M23 ocupa vastas regiões ricas em recursos minerais essenciais, como lítio, coltão, cobalto e ouro, levantando questões sobre a exploração ilegal desses recursos, que, segundo alguns analistas, beneficia grupos com laços com Ruanda.

    De acordo com fontes locais, as negociações em Doha têm como objetivo encontrar uma solução pacífica para o conflito, que já demonstra a incapacidade das FARDC e de milícias locais, como os Wazalendo, em resistir aos ataques e avanços dos rebeldes. O M23, por sua vez, já entregou ao governo catari um conjunto de exigências que definem os parâmetros para cessar suas operações militares.

    Uma das primeiras demandas do M23 é que a delegação do governo congolês tenha autoridade plena para tomar decisões no âmbito das discussões, enquanto Kinshasa exige que os rebeldes reconheçam a soberania da RDC sobre os territórios sob controle rebelde. Esse ponto é crucial, pois a questão da soberania e controle territorial é um dos principais pontos de discórdia.

    Além disso, uma das propostas em análise é a integração das forças ruandesas que apoiam o M23 nas FARDC, com o objetivo de garantir a segurança e estabilidade na região, criando uma “joint-venture” entre Congo e Ruanda para a exploração dos recursos minerais. No entanto, essa fórmula poderia enfraquecer os esforços de Tshisekedi para atrair investimentos dos Estados Unidos, que buscam os minerais estratégicos da RDC para suas indústrias, especialmente as terras raras, fundamentais para as tecnologias de ponta.

    Essas negociações são vistas como um passo importante para a estabilização da região, mas a complexidade das questões envolvidas – desde o controle dos recursos naturais até a soberania territorial – sugere que a paz ainda está distante e exigirá compromissos delicados e difíceis para as partes envolvidas.

    Recentes

    Trump aumenta tensão com Brasil por Brics e apoio a Bolsonaro

    O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem vindo a intensificar a sua hostilidade...

    Lula critica Trump por defender Bolsonaro: “Cuidem da sua vida”

    O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou duramente esta segunda-feira, 7 de...

    Trump impõe novas tarifas, mas adia aplicação para agosto

    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a imposição de novas tarifas comerciais...

    INACOM desmente aumento de preços nas comunicações

    O Instituto Angolano das Comunicações (INACOM) veio a público esta semana esclarecer que não...

    Relacionados

    Trump aumenta tensão com Brasil por Brics e apoio a Bolsonaro

    O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem vindo a intensificar a sua hostilidade...

    Trump impõe novas tarifas, mas adia aplicação para agosto

    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a imposição de novas tarifas comerciais...

    Bernardino Rafael ouvido pela PGR por repressão policial

    O ex-comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, foi ouvido esta...