O Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo (INAGBE) enfrenta um buraco financeiro superior a 21 mil milhões de kwanzas, o equivalente a mais de 35 milhões de dólares, resultante de transferências e pagamentos não justificáveis realizados em 2022.
O caso foi revelado pelo site Makangola.
Segundo a investigação, o INAGBE efetuou pagamentos sem qualquer respaldo documental, com destaque para as transferências feitas para Portugal, que ultrapassaram os 10 milhões de euros.
Estes valores foram enviados através do Banco Português de Investimento (BPI) sem qualquer documentação que comprove a sua destinação, levantando sérias dúvidas sobre a utilização desses fundos. Não há registos de que o dinheiro tenha sido efetivamente enviado para os estudantes beneficiários, o que reforça a gravidade da situação.
Apesar da magnitude do desvio, o caso tem sido pouco divulgado e parece estar a ser abafado. O então director-geral do INAGBE e o seu adjunto, que ocuparam os cargos até novembro de 2023, deixaram os respetivos postos, mas até ao momento não há indícios de uma investigação formal sobre as alegadas irregularidades.
Adicionalmente, a situação é ainda mais preocupante com a manutenção de pagamentos a 101 “bolseiros-fantasma”, estudantes cujos nomes não constam nas listas das universidades, o que levanta sérias questões sobre a gestão e a transparência da instituição.
O desvio financeiro no INAGBE sublinha a necessidade urgente de uma auditoria independente e de medidas eficazes para garantir a responsabilização e o uso adequado dos fundos públicos destinados ao apoio dos estudantes.