O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, afirmou que o país continuará a sentir, no próximo ano, os efeitos dos protestos pós-eleitorais ocorridos entre outubro de 2024 e março de 2025. Segundo o Chefe de Estado, as manifestações comprometeram a capacidade do Governo de investir em sectores essenciais como saúde, educação, água e energia.
Num informe à Nação, Chapo classificou os protestos como actos violentos e ilegais, explicando que o Executivo foi forçado a desviar verbas destinadas ao desenvolvimento para a reconstrução de infraestruturas públicas e privadas, após prejuízos avaliados em mais de 27 mil milhões de meticais.
Analistas, no entanto, defendem uma leitura mais cautelosa. Dércio Alfazema sublinha que, além das perdas materiais, é necessário esclarecer as consequências humanas registadas durante o período de agitação. Já o jornalista Luís Nhachote considera prematuro falar em plena estabilização, alertando que o clima de insegurança e desconfiança ainda marca o quotidiano dos cidadãos.
Apesar das reservas, o Presidente destacou sinais de estabilização política e social, apontando reformas em curso, diálogo nacional e maior aproximação entre o Estado e a população. Chapo anunciou ainda a criação de uma nova arquitectura financeira pública, destinada a impulsionar o crescimento económico, a industrialização e a inclusão financeira.
Sobre o combate ao crime organizado, incluindo os raptos, o Chefe de Estado reconheceu progressos no esclarecimento de casos. Contudo, analistas alertam que o fenómeno continua a representar um desafio estrutural, exigindo respostas mais eficazes por parte das instituições do Estado.

