O líder da União dos Cabindenses para Independência (UCI), o engenheiro Maurício Gimbi, reagiu recentemente à notícia sobre a construção de uma futura ponte que ligaria Cabinda ao Soyo, divulgada pelo ministro das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação, Carlos dos Santos.
Em declarações ao Jornal de Cabinda, Gimbi afirmou que a construção desta ponte não ligaria, de facto, Cabinda a Angola. “É impossível alguém sair de Angola para Cabinda sem passar pela República Democrática do Congo (RDC), seja por via terrestre, marítima ou aérea, pois Cabinda não faz fronteira com Angola”, sublinhou.
O líder independentista acrescentou que Cabinda não possui qualquer ligação terrestre ou fluvial com Angola, tornando inviável a construção de uma ponte direta entre Soyo e Cabinda sem atravessar o território congolês.
“Recordo que a intenção de construir esta ponte é antiga, mas sempre enfrentou resistência do governo da RDC. Durante o mandato do antigo presidente Joseph Kabila, o Parlamento da RDC reprovou a proposta do governo angolano para a construção de uma ponte que sairia de Soyo, em Angola, atravessando o rio Zaire até à região de Banana, no Baixo Congo, e daí seguiria por uma autoestrada passando pela região congolesa de Muanda até Yema, em Cabinda. O projeto gerou um conflito económico, porque a RDC exigia receber uma parte significativa dos impostos e taxas de trânsito das mercadorias e veículos que atravessassem esta futura ponte e a estrada, enquanto Angola arcaria com todos os custos da obra. Por isso, o governo congolês rejeitou as condições e o projeto foi definitivamente reprovado”, declarou Maurício Gimbi.
O líder independentista alertou ainda que, actualmente, cada caminhão de mercadorias que sai de Angola para Cabinda, atravessando a RDC, paga 4.500 dólares por viagem, tornando improvável que o país vizinho aceite a construção da ponte sem defender os seus interesses económicos.
De recordar que o ministro das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação, Carlos dos Santos, anunciou recentemente que o Governo angolano está à procura de financiamento para a construção de uma ponte rodoviária que ligará a província de Cabinda ao restante território nacional. A notícia tem gerado opiniões divididas na província: enquanto alguns aplaudem a iniciativa, outros criticam, alegando que a construção da ponte Cabinda–Soyo não deve ser a prioridade. Segundo estes críticos, o Governo deveria concentrar-se na conclusão mais rápida de obras estruturantes que terão impacto direto no custo de vida da população, como o Porto do Caio e o aeroporto internacional de Cabinda.

