O ex-presidente Donald Trump ordenou o envio de 2 mil soldados da Guarda Nacional para Los Angeles, após protestos resultantes de rusgas contra imigrantes realizadas por agentes federais. A decisão, tomada sem o consentimento do governador da Califórnia, Gavin Newsom, nem da presidente da câmara de Los Angeles, Karen Bass, está a provocar fortes críticas e levantar sérias preocupações sobre a militarização da política migratória nos EUA.
Apesar da Casa Branca justificar a mobilização com o argumento de proteger agentes federais e manter a ordem pública, líderes democratas denunciam a medida como um acto deliberadamente provocatório. Para muitos analistas, trata-se de uma jogada política de Trump com o intuito de reforçar a sua imagem de “homem forte” e desviar a atenção de questões internas mais sensíveis, como dificuldades legislativas e críticas à sua abordagem autoritária.
A presença de tropas em pontos estratégicos de Los Angeles, incluindo centros de detenção, tem sido criticada por violar tradições democráticas e, potencialmente, a Constituição americana, uma vez que a Lei Posse Comitatus proíbe o uso de militares em operações de aplicação da lei, salvo em casos específicos autorizados. A possibilidade de Trump invocar a Lei da Insurreição ainda não se concretizou, mas o discurso de membros do seu governo, como o conselheiro Stephen Miller e o secretário da Defesa Pete Hegseth, sugere uma predisposição preocupante para escalar o conflito.
A oposição política, incluindo senadores como Bernie Sanders e Amy Klobuchar, alerta para os riscos de autoritarismo e a instrumentalização das forças armadas em contexto interno. Grupos como a Common Defense, compostos por veteranos das forças armadas, também condenaram a medida como perigosa e contrária aos valores democráticos.
Este episódio marca mais uma etapa na polarização da política norte-americana, com Trump a transformar uma questão migratória em palco de confronto político e militar, alimentando tensões já elevadas entre os níveis estadual e federal do governo.