O recente ataque aéreo ordenado por Donald Trump contra três centros nucleares no Irão representa um ponto de viragem perigoso na política externa dos Estados Unidos e pode marcar o início de uma nova guerra no Médio Oriente. A ofensiva visou instalações estratégicas em Fordo, Natanz e Esfahan e foi justificada por Trump como uma medida para travar o suposto avanço do programa nuclear iraniano.
Num discurso transmitido a partir da Casa Branca, Trump declarou que a operação foi bem-sucedida e deixou um aviso ao Irão: qualquer tentativa de retaliação resultaria em ataques “muito maiores”. Esta ação, no entanto, foi levada a cabo sem aprovação do Congresso e sem apresentação pública de provas sobre a iminência da ameaça nuclear, levantando sérias preocupações legais e éticas.
A comunidade internacional observa agora com apreensão a possível resposta de Teerão, que poderá visar alvos norte-americanos ou aliados na região. O aiatola Ali Khamenei, líder supremo iraniano, terá sido diretamente desafiado, numa questão considerada central para a soberania do regime: o direito ao enriquecimento de urânio.
Para os críticos de Trump, o ataque representa não só uma violação do direito internacional, como também um movimento político arriscado, motivado mais por ambições pessoais e eleitorais do que por uma estratégia de segurança bem definida. Líderes democratas acusam o ex-presidente de contornar a Constituição e expor os EUA a mais um conflito prolongado, sem um plano claro de saída.
Ao alinhar-se com os objetivos militares de Israel e usar armamento pesado, como bombas antibunker, Trump respondeu ao apelo antigo do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, que há décadas defende uma solução militar contra o programa nuclear do Irão.
Embora Trump tenha chegado ao poder prometendo pôr fim às “guerras eternas”, esta decisão poderá inscrevê-lo na história como o presidente que deu início a mais uma. O desfecho deste confronto ainda é incerto — e o preço, potencialmente alto para o mundo inteiro.