Turki Al-Jasser, jornalista saudita detido desde 2018, foi executado este sábado na Arábia Saudita após a confirmação da sua condenação à morte por alegados crimes de terrorismo e traição. A notícia foi divulgada pela agência oficial de imprensa do reino, embora organizações de defesa dos direitos humanos afirmem que as acusações foram forjadas com o objetivo de silenciar críticas ao regime.
A detenção de Al-Jasser ocorreu em 2018, quando as autoridades sauditas invadiram a sua residência, confiscando computadores e dispositivos móveis. Segundo o Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), com sede em Nova Iorque, o jornalista foi acusado de ser o responsável por uma conta anónima na rede social X (antigo Twitter), que publicava denúncias sobre corrupção no seio da família real saudita, além de críticas a militantes e figuras políticas da região.
A execução levantou duras críticas a nível internacional. Carlos Martínez de la Serna, diretor do CPJ, afirmou que a impunidade no caso do assassinato do colunista Jamal Khashoggi em 2018 “abriu caminho para uma repressão ainda mais severa contra a imprensa”. Khashoggi foi morto no consulado saudita em Istambul, e agências de inteligência dos EUA concluíram que o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman ordenou a operação — uma acusação negada por Riade.
Al-Jasser era conhecido pelos seus escritos sobre temas sensíveis no Médio Oriente, como os movimentos da Primavera Árabe, os direitos das mulheres e a corrupção institucional. Manteve um blogue entre 2013 e 2015, e ganhou notoriedade pela sua postura crítica.
A Arábia Saudita enfrenta há anos denúncias de violações dos direitos humanos, especialmente no que toca ao uso da pena de morte. Segundo grupos de ativistas, em 2024 já ocorreram 330 execuções no país, um aumento significativo face a anos anteriores. Entre os métodos utilizados estão a decapitação e execuções em massa.
O caso de Al-Jasser soma-se a outros episódios de repressão. Um analista britânico do Bank of America foi condenado recentemente a dez anos de prisão por uma publicação nas redes sociais, enquanto Saad Almadi, cidadão com dupla nacionalidade saudita e americana, foi condenado a 19 anos de prisão em 2021 por ‘tweets’ escritos nos EUA. Apesar de libertado em 2023, Almadi continua impedido de sair do país.