O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Araqchi, anunciou que se encontrará com o presidente russo Vladimir Putin já esta segunda-feira, em Moscovo. A deslocação ocorre no rescaldo dos bombardeamentos dos Estados Unidos a três instalações nucleares iranianas, numa escalada que tem gerado ampla condenação internacional — com destaque para a posição da Rússia, que criticou duramente a ofensiva.
“A Rússia é amiga do Irão”, afirmou Araqchi, recordando que ambos os países mantêm uma parceria estratégica reforçada por um acordo de cooperação assinado em janeiro. Embora esse acordo não preveja assistência mútua em caso de ataque, os laços políticos e militares entre Moscovo e Teerão têm-se estreitado nos últimos anos, especialmente face à crescente tensão com o Ocidente.
O Kremlin classificou o ataque norte-americano como uma “decisão irresponsável” e uma “violação flagrante do direito internacional”. Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo sublinhou que o bombardeamento viola a Carta das Nações Unidas e as resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, foi mais duro nas críticas ao ex-presidente Trump, afirmando que “se apresentou como pacificador, mas acabou por iniciar uma nova guerra para os EUA”.
Apesar das crescentes tensões, Moscovo apelou à cessação imediata da agressão e à retoma do diálogo político e diplomático. No entanto, o Kremlin informou que, para já, não há planos para uma conversa entre Putin e Donald Trump, embora não exclua a possibilidade de um contacto nos próximos dias.
A reunião entre Araqchi e Putin poderá servir para alinhar posições estratégicas num momento crítico para a região e para a geopolítica global. O Irão procura reforçar o apoio dos seus aliados, e a Rússia, mantendo-se como um dos principais contrapesos aos Estados Unidos no cenário internacional, surge como interlocutor privilegiado nesta fase de elevada tensão.