Apesar de Luanda ter amanhecido mais calma, o segundo dia da greve dos táxis — popularmente conhecidos como candongueiros — foi marcado por episódios de violência em vários subúrbios da capital angolana. Também na cidade do Huambo, a segunda maior do país, foram registadas tensões e desacatos, segundo o Novo Jornal.
Um porta-voz da Polícia Nacional de Angola confirmou à imprensa local a morte de quatro pessoas durante os confrontos, mas não excluiu a possibilidade de haver mais vítimas mortais nas últimas 24 horas. A polícia revelou ainda que cerca de 500 pessoas foram detidas e que o número de detenções poderá aumentar, dada a circulação de imagens nas redes sociais que mostram episódios de violência urbana, incluindo apedrejamentos, pilhagens, assaltos a supermercados, ataques a autocarros e disparos efetuados por indivíduos armados.
Nas plataformas digitais, como o TikTok, multiplicaram-se os vídeos amadores que documentam momentos de pânico, como atropelamentos durante fugas desordenadas e disparos cujos autores e alvos permanecem não identificados.
Os confrontos começaram na segunda-feira, coincidindo com a greve convocada pela ANATA (Aliança Nova da Associação dos Taxistas de Angola), que chegou a ser desconvocada após negociações com o Governo Provincial de Luanda. Apesar disso, muitos taxistas decidiram manter a paralisação durante dois dias, deixando milhares de cidadãos sem transporte e mergulhando a cidade num cenário de caos.
A principal reivindicação dos profissionais do sector é a subida dos preços dos combustíveis, que, apesar de ainda serem subsidiados, sofreram aumentos significativos. Esta subida impacta diretamente os custos de operação dos taxistas, refletindo-se no aumento do preço das passagens — algo considerado incomportável para a maioria da população, que vive com rendimentos baixos numa das cidades mais caras do mundo.