O Estreito de Ormuz, uma estreita via marítima entre o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã, é uma das rotas de navegação mais estratégicas do mundo. Por este corredor marítimo, com apenas 33 quilómetros no seu ponto mais estreito, passam diariamente cerca de 20 milhões de barris de petróleo — o equivalente a um quinto do consumo global — tornando-o essencial para a economia mundial.
A recente escalada de tensão entre o Irão, Israel e os Estados Unidos reacendeu os receios de uma possível interrupção da navegação nesta zona vital. Desde os ataques aéreos dos EUA a instalações nucleares iranianas, os preços do petróleo subiram cerca de 10%, com o Brent a ultrapassar momentaneamente os 80 dólares por barril — o valor mais alto desde janeiro.
Embora ainda não tenham sido registadas perturbações reais na passagem de navios, declarações de responsáveis iranianos e aliados conservadores aumentaram a especulação de que Teerão poderá bloquear o Estreito como forma de retaliação. O chefe do jornal Kayhan, próximo do líder supremo Ali Khamenei, já apelou publicamente ao fecho do canal marítimo.
Contudo, analistas como Vandana Hari consideram esse cenário pouco provável. Fechar o Estreito poderia isolar o Irão e prejudicar os seus aliados na região, além de provocar represálias militares, dada a forte presença naval dos EUA nas águas vizinhas.
O eventual bloqueio afetaria sobretudo economias asiáticas, como a China, Índia e Coreia do Sul, que dependem fortemente do petróleo transportado por esta rota. Em contraste, os EUA e a Europa importam volumes muito menores por via do Estreito.
Perante os riscos, países como a China e a Índia apelaram à calma e à estabilidade regional, alertando para as consequências económicas globais de um agravamento do conflito. A situação permanece volátil, com impactos diretos nos mercados energéticos e na segurança marítima internacional.