Tóquio revelou hoje que, no passado sábado, um porta-aviões chinês, o Liaoning, e uma frota composta por dois contratorpedeiros de mísseis guiados e um navio de reabastecimento rápido entraram nas águas da Zona Económica Exclusiva (ZEE) do Japão, localizadas no Pacífico, a cerca de 300 quilómetros do ponto mais oriental do Japão, a ilha Minamitori. Esta foi a primeira vez que um porta-aviões chinês entrou nessa parte da ZEE japonesa, um movimento que agrava ainda mais as tensões entre os dois países.
Após a entrada na ZEE, o Liaoning e os navios acompanhantes realizaram exercícios militares de descolagem e aterragem de caças e helicópteros no domingo, mostrando um aumento nas capacidades operacionais da China. O Ministério da Defesa do Japão emitiu um comunicado a acompanhar a situação e destacou um navio para monitorizar os movimentos da frota chinesa.
A crescente presença militar da China na região tem gerado preocupações em Washington e em outros aliados da Ásia-Pacífico, especialmente pelo uso de meios navais e aéreos para reivindicar territórios disputados. O governo japonês respondeu à situação transmitindo uma mensagem ao governo chinês, mas não especificou se um protesto formal foi feito.
Este não é o primeiro incidente envolvendo o porta-aviões Liaoning. Em maio, o navio navegou entre duas ilhas japonesas, dentro da ZEE, realizando manobras militares. Em setembro de 2024, o porta-aviões entrou nas águas territoriais do Japão, próximo de Taiwan, o que gerou uma reação de Tóquio que classificou as manobras como “inaceitáveis”. A presença do Liaoning nas águas do Japão ocorre em um contexto de relações tensas, marcadas por disputas territoriais antigas e ações militares chinesas na região.
A ZEE do Japão, que se estende até 370 quilómetros das suas costas, é uma área onde o Japão exerce direitos sobre os recursos e atividades económicas, conforme o direito internacional. A recente atividade militar chinesa na região está a agravar as disputas, especialmente em torno das ilhas Senkaku, controladas pelo Japão, mas reivindicadas pela China sob o nome de Diaoyu.
Além disso, o Japão tem expressado preocupações sobre a instalação de boias chinesas na sua ZEE e a realização de investigações científicas marítimas não autorizadas, especialmente na área do atol de Okinotori, no Pacífico sul, uma zona estratégica e sensível para Tóquio.
Este incidente sublinha o crescente militarismo de Pequim na região e a intensificação da rivalidade entre a China e o Japão, com o aumento das tensões na Ásia-Pacífico sendo uma questão de preocupação global, tanto para as potências locais quanto para os seus aliados.