Na sua Mensagem Pastoral alusiva aos 50 anos de independência de Angola, a Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) saudou os ganhos conquistados desde 11 de Novembro de 1975, mas fez duras críticas às falhas persistentes no país. Os bispos católicos destacam a importância de reconhecer todos os protagonistas da luta pela independência, sem exclusões, como passo essencial para uma verdadeira reconciliação nacional.
Apesar de reconhecerem avanços significativos, como o fim da guerra civil em 2002 e a reconstrução de infraestruturas, os bispos alertam para graves “sombras e insuficiências”. Entre elas, destacam-se o alarmante desvio de fundos públicos, a escandalosa expatriação de capitais, a degradação da educação e da saúde, o deficiente acesso a água potável e o saneamento básico, bem como a erosão da soberania nacional devido ao fraco controlo das fronteiras e exploração ilegal de recursos.
Criticam ainda a existência de um sistema centralizado e assistencialista de governação, que sufoca a iniciativa privada, e uma lógica política dominada por interesses eleitoralistas e partidários, distantes das reais necessidades da população.
A CEAST denuncia também a instrumentalização da comunicação social pública, as restrições à liberdade de expressão e a desigualdade social crescente, que empurra muitos jovens à emigração ou à criminalidade. Os discursos políticos, dizem os bispos, estão cada vez mais desligados da realidade, numa Angola onde a maioria vive na pobreza, enquanto uma minoria goza de luxo extremo.
No seu apelo final, os bispos sublinham que o verdadeiro legado da independência só será honrado se forem corrigidas as injustiças acumuladas e se o país trilhar um caminho de justiça social, igualdade de oportunidades e patriotismo genuíno.
Via NJ