O deputado da UNITA, Arlindo Miranda, defendeu, durante o Congresso Nacional da Reconciliação, realizado em Luanda, a necessidade de um processo de diálogo inclusivo para a resolução do conflito em Cabinda.
Na sua intervenção, o parlamentar afirmou que “não se pode falar da reconciliação nacional enquanto existir a guerra em Cabinda”. Segundo disse, “não podemos falar da reconciliação nacional sem saber que em Cabinda ainda há guerra, e que as pessoas ignoram e fingem que nunca viram guerra”.
Arlindo Miranda, natural de Cabinda, recordou que “houve uma resolução do Grupo Parlamentar da UNITA, entregue à Assembleia Nacional, que infelizmente foi engavetada”. Por esse motivo, apelou às autoridades para “considerarem a resolução da UNITA, reconsiderarem as conversas e dialogarem com os cabindas”.
O deputado referiu que, durante o congresso, “não viu nenhum movimento de reivindicação de Cabinda presente”, o que, para si, evidencia falta de inclusão no processo. No seu discurso, sublinhou: “nós, os cabindas, não escolhemos ser anexados a Angola, ninguém escolheu em Cabinda”.
“Portanto, tem que haver conversa para terminar com esses tipos de guerras que enriquecem alguns e empobrecem o povo que produz. Nós queremos paz, não nos próximos 50 anos, mas sim nos próximos 5 anos, 2 anos, 1 ano ou meses. Resolvam o problema de Cabinda”, declarou.
Arlindo Miranda acrescentou que vive há vários anos em Luanda, mas lamenta a situação social da província. “É triste chegar em Cabinda e, a partir do aeroporto, ver pessoas esfomeadas. A fome existe em Angola, sim, mas o que o governo angolano faz em Cabinda é inaceitável”, frisou.
“Resolvam o problema de Cabinda de forma responsável e educada”, concluiu.
Recorde-se que a província de Luanda acolheu, de 6 a 7 de Novembro, o Congresso Nacional da Reconciliação, uma iniciativa da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), através da Comissão Episcopal de Justiça, Paz e Integridade da Criação. O evento, inserido no âmbito das celebrações dos 50 anos da Independência Nacional, decorreu sob o lema “Eis que faço novas todas as coisas” (Apocalipse 21:5), reunindo mais de 600 delegados das 21 províncias do país.

