Era mais uma noite em Cabinda, onde o breu da madrugada assumia o protagonismo no Aeroporto Maria Mambo Café, subitamente mergulhado na escuridão. Quando o relógio marca as 22 horas, o gerador é silenciado, e com ele, apaga-se qualquer traço de luz que poderia iluminar a estrutura e as suas imediações.
Assim permanece até às 6 da manhã, como se a noite fosse dona absoluta do espaço.
É um cenário que se repete há mais de um mês, e os que vivem essa realidade — seguranças, funcionários e passageiros esporádicos — são os primeiros a sentir os efeitos dessa penumbra forçada.
Não é apenas o desconforto de trabalhar sem visibilidade, mas também o medo palpável da insegurança.
“Estamos vulneráveis”, desabafa um dos seguranças, enquanto gesticula para o escuro que parece engolir o próprio edifício.
No silêncio da noite, onde outrora se ouviam os sons esporádicos de motores e passos apressados, agora reina uma atmosfera inquietante.
O aeroporto, que deveria ser um ponto de luz e movimento, transforma-se num símbolo da negligência. Quem passa por ali pergunta-se como é possível que um local tão estratégico fique entregue à sua própria sorte.
Mais do que uma questão técnica ou logística, a situação do Aeroporto de Cabinda levanta reflexões sobre a gestão e o cuidado com os recursos públicos.
Será que as autoridades ignoram o impacto que esta escuridão causa na imagem e na funcionalidade do aeroporto? Ou será que a luz, tal como tantas outras coisas, se tornou um privilégio condicionado por cortes e prioridades questionáveis?
Enquanto o problema persiste, as horas de escuridão continuam a ser um lembrete incómodo das fragilidades que marcam a infra-estrutura de Cabinda.
No horizonte, espera-se pela “luz ao fundo do túnel” — e que não demore tanto quanto as noites parecem durar.